sexta-feira, 22 de julho de 2011

Quero um pedaço de terra...

Fonte: Google imagens (acesso em 22 de julho de 2011)
 
Quero um pedaço de terra pra poder plantar...

Plantar uma árvore para que eu possa acompanhar seu crescimento, e ela ser minha companhia ao envelhecimento...
Vê-la todos os dias, acompanhar suas mudanças e compará-las, se possível, com as minhas...
Estudá-la e perceber que quanto mais ela cresce, mais forte fica, que seu caule fica mais rígido contra a ação do tempo e dos homens...
E que, não importa as fases, ela pode perder suas folhas num tempo, mas no outro rejuvenescer...

Quero um pedaço de terra para brincar...

Voltar a ser criança, correr por entre as árvores, observar os insetos mais curiosos...
Poder extrair de tudo o melhor... subir num cajueiro, sentir o azedo sabor do caju, e depois, no fim do dia, me deliciar com a castanha...
Ir à videira, perceber que algumas uvas podem ser amargas mas que sempre encontrarei muitas doces...
E que, não importa o tempo, nem o solo, algumas frutas serão sempre deliciosas...

Quero um pedaço de terra para cantar...

Cantar sem medo de desafinar, saber que avaliação ali não pode entrar...
Ouvir o canto dos pássaros, sentir-me como em meio ao coral mais simples e lindo, escutar suas belas melodias sem me preocupar com o tempo afora...
Cantar também com o vento...ah, o vento também canta... dá seus sussurros; seus assobios podem ser alucinantes, se você deixa a porta meio fechada...ah, o vento não gosta de indecisão...ou deixamos ele entrar para ele fica tranqüilo, ou fechamos por completo a porta; mas nunca meio aberta...
Saciar-me com o barulho das águas de um rio... este sempre muda, sua mudança é externa, mas sua essência nunca é perdida...
E adormecer ouvindo a dança do vento com as árvores... que coisa linda! E no balanço deles, sentir que sou acalentada pelo universo.

Quero um pedaço de terra para ter alegria...

Na cidade não há espaço...
As plantas não respiram...
As frutas perdem seu sabor...
Os sons são de desalento e dor...
E só me resta ficar enclausurada em meio a tanto concreto e insegurança...

Preciso voltar à infância....
Relembrar os velhos hábitos da mocidade,
Implantar no coração a esperança, esquecer tanta crueldade...

Quero um pedaço de terra...  
Longe dos males da cidade...
Quero um pedaço de terra,
Para enfim ter felicidade.

Jaqueline Fontes
Fênix

Oh ave de coração puro
Tu amas intensamente o outono,
Estação em que as folhas caem
Para dar lugar a belo fruto.

Do mundo não queres muito;
Esse incessante lugar imundo
E por isso resolves ir,
Para lugar onde exista futuro.

Voltastes da eternidade;
Das cinzas ressurgiste atenta,
Para amar a pessoa que ostentas.

E de tudo quanto é belo tiraste o impossível;
E do outono preferistes o fruto inacessível;
Desse amor que renasce do infinito.


Por Jaqueline Fontes
(23/01/2009)